Busca Polos Pais de Crianças Especiais

Saturday, June 10, 2006


É ponto assente que não há pai que esteja preparado para ter uma criança com perturbações do comportamento. O grau de gravidade dos problemas que a família enfrenta depende da idade da criança e do tipo de cuidados de que necessita, uma vez que os problemas aumentam à medida que esta cresce.

As características da família influenciam a reacção: o tamanho, a forma o background cultural , o estatuto sócio - económico e a localização geográfica podem afectar o modo como a família se ajusta às necessidades do seu familiar .As características pessoais de cada membro também contribuem, bem assim como os desafios com que cada uma se defronta: pobreza, abuso, isolamento, toxicodependência, pais e irmãos com deficiência, etc. Estas condicionantes afectam as reacções perante a incapacidade de um dos seus membros. Embora os problemas possam ser comuns, cada família funciona como um indivíduo pela combinação de reacções, pela intensidade e pela duração das mesmas.



Sabemos que a reacção dos pais perante um diagnóstico pode ser de luto autêntico e ser caracterizada por sensações de choque, negação, culpa, raiva e tristeza, funcionando de uma forma cíclica e levando a que haja por parte dos professores uma necessidade de intervenção contínua e planeada. A maior parte dos pais passa pelo reconhecimento do problema e busca as suas causas, a fim de encontrar aquilo que para eles é natural, isto é, a cura. Quando esta não existe, a fase última e mais necessária será a da aceitação da criança diferente. Esta adaptação é multidimensional e a medida dos padrões de ajustamento é o resultado de um sem número de variáveis. Pais diferentes passam por estas etapas de forma diferente, ou seja, fazem continuamente um ajustamento e reajustamento à criança com problemas. Diferentes fases da vida dos seus filhos originam esta situação (a entrada para a escola, a adolescência, a escolha de uma carreira, etc.).


Os pais ficam muito deprimidos quando se apercebem de que o seu filho, cujos problemas em casa estavam aparentemente “controlados”, começa a viver problemas escolares, isto é, frustração, tristeza, ansiedade, raiva, falta de sono, fraca auto-estima, alterações de humor, etc. Se esta situação se prolongar sem que a criança e a família recebam apoio apropriado, sentimentos de raiva e frustração podem afectar não só a criança, mas também a sua família e os seus professores. Normalmente, é a mãe a primeira a dar-se conta dos problemas existentes, falando com o pai, o pediatra, ou a educadora. Nesta altura, como já vimos, toda a família pode assumir uma atitude de negação individual ou colectiva, à qual se seguirá a sensação de choque. Os que já suspeitavam de que algo estava errado, podem ficar “aliviados” por saber a causa dos problemas académicos ou de comportamento demonstrados pela criança. Procuram e beneficiam imenso com todo o apoio que lhes pudermos dar. Outros, embora reconheçam a natureza da incapacidade, as suas expectativas em relação ao seu filho, que desejam seja bem sucedido no futuro, podem dificultar a aceitação da criança diferente. Possuem uma imagem de criança ideal e vêem-se confrontados com o hiato entre o sonho e a realidade. Podem entrar em conflito, andar de médico em médico e usar vários mecanismos de defesa. Estes podem conduzir a distorções da realidade e atrasar o processo de aceitação. Um dos mais comuns é a negação. Recusam-se a acreditar que algo de errado se passa e podem exigir da criança aquilo que ela não é capaz de fazer, aumentando assim a sua frustração. Podem superprotegê-la e impedi-la de fazer actividades que ela realmente consegue fazer e nas quais se diverte.

Além disso, é sabido que esta atitude só conduz a uma maior dependência por parte da criança com Problemas de Comportamento. É evidente que é difícil reconhecer a existência do problema. Culpa, raiva, sonhos desfeitos e outros sentimentos negativos formam um ciclo vicioso experimentado de maneiras diferentes por todos os pais. É um processo de luto e, como tal, tem de ser vivido na altura certa. Mesmo a depressão por parte dos pais pode ser encarada como um estado necessário para a emergência de uma atitude mais positiva. Estes precisam deste tempo para se ajustarem às circunstâncias inesperadas e reunirem os seus “bocados” a fim de tomarem parte activa na educação do seu filho e aprenderem que isso pode ser recompensador.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Não sei se este blog está actualizado,ou se vou ter qualquer reposta daqui.Mas até agora tive á procura de algo idêntico e,assim que li este texto,as lágrimas rolaram cara abaixo...Tenho um filho com 8 anos,a caminho dos nove,com défice de atenção e dislexia diagnosticada,quer no hospital S.joão do Porto onde é seguido por uma pedopsiquiatra,quer pela Dra.Helena Serra,que até agora foi a que mais ajudou numa única consulta,dando-me linhas de orientação do tratamento.
Tenho outra filha,de 4anos,hiperactiva,embora não diagnosticada,pois já falei com a psicóloga do infantário sobre isso,e ela acha "cedo pra tal,é melhor esperar pela primária". o certo é que não a conseguem sentar pra hora do conto e faz o inglês ao colo da professora.Na sala dela,há um miúdo completamente desestruturado, que a educadora tem necessidade de o pôr ao colo,formando "tipo um colete de forças"com os braços e pernas para oconseguir controlar e acalmar,enquanto ele chama à educadora todo o tipo de nomes(eu já assisti a essa cena).Da ultima vez que passei a manhã no infantário,(um dia por mês-projecto de aproximar os pais à instituição),tava distraída a pintar um desenho com a minha filha,quando o pai que estava ao meu lado se começa a indignar com o miúdo problemático que "encostou o menino á parede e tava aos chutos,parecia aquelas cenas da América,viu?" Não,não vi naquele momento,só vi a reacção do outro menino,com medo de tornar a brincar no espaço da casinha,sentado na cama das bonecas,retraído.Mas conheço as cenas dos pontapés,os insultos porque a minha filha que,à parte o excesso de energia na sala do infantário, o seu comportamento social na escola é óptimo,não tenho queixas e quando me queixo eu,as educadoras dixem que não faz isso na instituição.Mais: desde que estão nos 4anos,não fazem a sesta.Vou buscá-la ás 16.30 ou tras-ma a minha mãe até ás 18.30 no máximo,e quando não vem a dormir,chega a casa aos berros e gritos,chateia o irmão e toda a gente,por mais que tentemos mudar-lhe o humor.Chama-me "velhota" se não lhe faço as vontades,se eu pego nela pra a acalmar ou se lhe toco,grita que a magooei...
A semana passada,eu não conseguia dormir,pois já eram 3.30 da manhã e os vizinhos de baixo,que tinham chegado à uma da manhã, como de costume,trouxeram amigos e tavam em amena cavaqueira.3 vezes me deitei,3 vezes me levantei,sem conseguir pregar olho,devido ao barulho das vozes. Fui á sala,dei 2 pancadinhas no chão,com a mesa de centro e...ouço 4 pancadas de volta e a expressão "p.....a pariu",ora reacção imediata,choque. Resolvo ligar à policía,pego no telefone,ligo,desligo,tremo.As vozes aumentam.Ligo,conto a situação,eles vem adverti-los.Preencho os dados,eles descem.Silêncio,finalmente.Deito-me e adormeço.No dia seguinte,eles,os vizinhos(casal sem filhos,20-23 anos,casados à 1 ano),batem-me à porta a ameaçar que tem uma câmara no prédio e que quando eu tornar a bater(!!!)nos meus filhos,fazem queixa à segurança social.Eu respondo,mas viram costas,entretanto aparece a vizinha da frente,a dizer que também ouviu o barulho,que a filha teve de dormir na avó pois não conseguia adormecer.Eles replicam,que nós é que fazemos o maior barulho(já andaram à 2 meses atrás a dizer que omeu marido me batia,quando eu os ouvia a eles a discutir,entretanto pararam de discutir após uma viagem ás caraíbas)e que eu bato nos miúdos.
A conversa acaba,eu ponho-os à vontade pra chamarem quem quiserem.
Nessa mesma noite a minha filha dá uma fugida do quarto pra sala,porque não quer ir dormir. Passados 2 minutos,tocam eles à porta,a pedir pra controlar as crianças,pois estão na sala e "é chato eles andarem a correr pela sala". A minha filha tava de meias!!
Desde aí,o meu filho mais velho, que é muito sensível,chora a dizer que não quer ir pra um orfanato.
Nós tentamos controlá-los ao máximo sem levantar a voz,com um sentimento de constante escuta,perseguição,censura,quer deles,quer dos outros vizinhos.
Ao mesmo tempo,não os estamos a educar,pois não os contrariamos tanto,para não fazer barulho ou ...Só o simples facto de alguém imaginar que eu pudesse fazer-lhes mal,deixou-me sem apetite(praticamente não comi durante 3 dias,passei sábado em casa da minha mãe a chorar,o meu filho até faltou ao judo,que adora,porque eu tava sem forças pra o que quer que fosse e o pai,a aguentar as pontas).Hoje,tou outra vez em baixo,porque a minha filha começou a gritar logo pela manhã,porque queria ir de t-shirt,depois era a saia e "tá frio,não pode ser,sai do guarda-fatos(no outro dia trepou o guarda-fatos acima,porque se queria esconder,escorregou e magoou-se na dobradiça,vim a correr da cozinha,aflita com os berros dela de dor)"puxo-a pra mim,gritos"magoaste-me".Desato a chorar,deixo-a ali,chamo o pai,o meu filho abraça-me,as lágrimas rolam.Ele foi pra escola,provavelmente a pensar em mim.Ela foi pro infantário "tremida"comigo,hesitante entre o pedir desculpa ou continuar a teimar,mas a agasalhada convenientemente.
Eu refugiei-me na net,à procura de ajuda e de desabafar...
A minha mãe foi passar a semana a Lisboa,à quinta da minha tia e eu não quero que esteja preocupada comigo,pois já sei que ela já está,pois soube de tudo.
Obrigado pelo desabafo,
A.

3:15 AM  

Post a Comment

<< Home